4° Dia
Logo cedo recebi uma mensagem no celular dizendo que a turma só poderia chegar às 08:00h porque o café só seria servido a partir das 07:00h. Graças a Deus que o tempo nos ajudou, em nenhum momento o sol nos castigou severamente, sempre um céu nublado e uma brisa aliviadora nos acompanharia durante todo o dia.
Às 08:15h iniciamos a trilha de 20km até o Santuário de Santa Fé. Os primeiros dez quilômetros são de terreno plano e descida, sendo assim não houve tantas reclamações, embora Rodolfo (cunhado de Arthur) desde o dia anterior vinha se queixando de uns calos nos dedos, durante todo caminho ele sentiu muita dificuldade. No início paramos pouco, um pit stop foi para tirarmos pitomba, eu tive que subir porque o guri que paramos no cavalo só conseguiu (mesmo de pé em cima do animal e com o cajado) tirar apenas uma. Pra variar eu carregava uma garrafinha com água que passarinho não bebe e a turma aproveitou o tira gosto.
A próxima parada foi na casa e Dona Pretinha, fomos recebidos com muita hospitalidade, logo estávamos sentados a mesa tomando café com biscoito, foi um momento interessante, ouvi uma frase que me chamou atenção dita pela anfitriã: “nós só podemos oferecer o que temos”, entendi que o melhor que poderíamos receber estava sendo nos dado naquela humilde residência, e mais importante do que o alimento, foi o tratamento que tivemos e em nenhum momento nos sentimos como intrusos ou estranhos e sim como amigos e irmãos. Depois de um bom papo seguimos nosso caminho.
Não demorou até encontrarmos um pé de cajá, me propus a capturar a fruta e proporcionar mais um tira-gosto para a turma. Já estávamos quase na metade do caminho, daí pra frente enfrentaríamos subidas. Não demorou e começamos a segunda parte do caminho, Rodolfo se queixava cada vez mais e nos preocupava, embora com dificuldades continuava com seu ritmo, quando parávamos ele descansava menos e seguia na frente para que não atrasasse a turma, sempre o alcançávamos.
Nossa penúltima parada foi na casa de Dona Maria, já no município de Arara, assinamos o livro do peregrino e foi nos oferecido uma manga fresquinha, alguns aceitaram e desta vez não teve a branquinha. Estávamos a quatro quilômetros do santuário. Não demoramos muito e seguimos para enfrentarmos mais umas subidas. Depois de mais uma hora caminhando chegamos dentro da cidade de Arara e paramos para dá o splint final, a idéia seria chegarmos todos juntos. Depois de tomarmos guaraná Dore com pipoca, continuamos e cruzamos o rio que faz divisa entre os municípios de Arara e Solânea, subimos pela última vez e chegamos até o santuário, fomos recebidos com muita empolgação pelos familiares de todos os que participaram da jornada. Foi um momento emocionante de confraternização, recebemos uma medalha pelo esforço e êxito alcançado, a empolgação foi tanta que a freira veio pedir pra fazermos silêncio porque estava havendo um encontro religioso na casa de caridade e estávamos incomodando, ainda bem que a muvuca toda já havia passado e não atrapalhou nada as recomendações da religiosa. Depois de algumas fotos nos dirigimos para a capela onde oramos e agradecemos a Deus por tudo, logo após almoçamos na churrascaria em frente ao santuário.
Tenho convicção que todos aprendemos grandes lições nestes quatro dias que passamos juntos, espero que esta turma que também me ensinou muito volte a se encontrar com propósitos parecidos e que não esqueçam que podem contar comigo, não apenas como guia, mas sobretudo como amigo.
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